Choque de civilizações é uma teoria proposta pelo cientista político Samuel P. Huntington segundo a qual as identidades culturais e religiosas dos povos serão a principal fonte de conflito no mundo pós-Guerra Fria. A teoria foi originalmente formulada em 1993, num artigo da Foreign Affairs chamado "The Clash of Civilizations?" (do inglês "O Choque de Civilizações?"),[1][2] como reação ao livro de Francis Fukuyama, The End of History and the Last Man (1992). Huntington posteriormente expandiu sua tese num livro de 1996 chamado The Clash of Civilizations and the Remaking of World Order (do inglês "Choque de Civilizações e a Reconstrução da Ordem Mundial"). A expressão foi usada pela primeira vez por Bernard Lewis num artigo do exemplar de setembro de 1990 de The Atlantic Monthly, chamado "The Roots of Muslim Rage"[3] (do inglês "As Raízes da Ira Muçulmana").
Argumento
Huntington começou a articular suas idéias ao examinar as diversas teorias sobre a natureza da política global no período pós-Guerra Fria. Alguns teóricos e autores argumentavam que os direitos humanos, a democracia liberal e a economia capitalista de livre mercado se haviam tornado a única alternativa ideológica após o fim da Guerra Fria. Especificamente, Francis Fukuyama afirmava que o mundo havia atingido o "fim da história" num sentido hegeliano.
Huntington acreditava que, embora a era das ideologias houvesse terminado, o mundo havia simplesmente retornado a um estado normal caracterizado pelos conflitos culturais. Em sua tese, argumentava que os conflitos no futuro teriam como eixo principal critérios culturais e religiosos. Postula, ainda, que o conceito de diferentes civilizações, como nível maior de identidade cultural, se tornará cada vez mais útil para analisar o potencial de conflitos. No artigo de 1993 na Foreign Affairs, Huntington escreve (tradução livre do inglês):
“ Minha hipótese é que a fonte fundamental de conflitos neste mundo novo não será principalmente ideológica ou econômica. As grandes divisões entre a humanidade e a fonte dominante de conflitos será cultural. Os Estados-nações continuarão a ser os atores mais poderosos no cenário mundial, mas os principais conflitos da política global ocorrerão entre países e grupos de diferentes civilizações. O choque de civilizações dominará a política global. As falhas geológicas entre civilizações serão as frentes de combate do futuro. ”
—Samuel P. Huntington[1]
Huntington parece pertencer à escola primordialista, ao pensar que grupos culturalmente definidos são antigos e naturais; entretanto, suas primeiras obras parecem indicar que ele seria um funcionalista estrutural. Sua visão de que Estados-nações continuariam a ser os atores mais poderosos vai ao encontro do realismo. Finalmente, sua advertência de que a civilização ocidental pode declinar é inspirada por Arnold J. Toynbee, Carroll Quigley e Oswald Spengler.
Devido a uma enorme reação e à solidificação de seus pontos de vista, Huntington posteriormente expandiu sua tese no livro The Clash of Civilizations and the Remaking of World Order ("Choque de Civilizações e a Reconstrução da Ordem Mundial"), de 1996.
Lista de Civilizações
O livro do cientista norte-americano, Samuel P. Huntington lançou outras bases de entendimento da história, política e sociologia. Segundo ele a humanidade poderia ser dividida em oito civilizações:
• Civilização Sínica - Seria a civilização confuciana, incluindo principalmente a China, mas também o sudeste asiático, como Coréia, Tibete, Vietnã, etc.
• Civilização Japonesa - O Japão há muito já possui uma cultura autônoma. A civilização nipônica seria a única civilização que abrange um pais só e é formada por elementos da civilização sínica e dos povos altaicos, de onde é oriunda. Atualmente recebe forte influência da civilização ocidental. Em tese, tal civilização englobaria também a Coréia do Sul, mas esta seria considerada sínica mais por questões políticas.
• Hindu - Expandiu-se a partir do vale do rio Indo e seria representada hoje principalmente pela Índia, embora inclua outros países hindus como o Camboja.
• Civilização Islâmica - A civilização no mundo islâmico teria surgido na Arábia e assimilado as culturas, turca, libanesa, persa, malaia entre outras. A Civilização Islâmica também estaria profundamente presente no Norte da África.
• Civilização Ocidental - Civilização grego-romana, judaico-cristã e iluminista. Englobaria toda a Europa e a chamada "anglosfera" (Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia).
• Civilização ortodoxa - A região vizinha à Rússia.
• Latino americana - Híbrido da civilização ocidental com a população indígena local.
• A civilização da África subsaariana - A civilização africana, ou mais especificamente sub-sahariana já que o norte da África pertence à civilização muçulmana, teria a África do Sul como seu estado-núcleo.
Huntington sustenta que a história da humanidade seria a história dos choques de civilizações que estaria ainda longe de terminar. Esta opinião contrasta com a de Francis Fukuyama que em seu livro "O Fim da História e o Último Homem" defende que a história atinge sua homeostase com a supremacia do ocidente.
Com a globalização hoje podemos encontrar hindus, confucionistas, ortodoxos, etc. em praticamente todos os países do mundo. De fato, embora as concentrações geográficas sejam evidentes, as civilizações são maiores e mais complicadas do que isso. Em verdade estão espalhadas pelo mundo todo de maneira ideológica e histórica não respeitando muito fronteiras nacionais.
Voltando a Huntington, a Etiópia e o Haiti poderiam ser considerados "estados solitários" assim como o Caribe que constitui uma entidade distinta flutuando entre a civilizações Africana e Latinoamericana. Se os países da América latina, assim como os antigos membros da União Soviética se definirão como parte da civilização ocidental ou autônomos seria uma importante decisão a ser tomada.
As civilizações Ocidental e Islâmica, seriam as únicas com intenções de expansão e pretensões universalistas e por isso encontrariam-se constantemente em confrontos e disputas culturais, políticas e ideológicas.
Críticas
O artigo de Huntington na Foreign Affairs foi um dos que mais provocaram respostas na história daquela revista. A tese recebeu muitas críticas de paradigmas completamente diferentes, tendo como alvos freqüentes as suas implicações, metodologia e mesmo os conceitos básicos. No livro, Huntington baseia-se principalmente em provas circunstanciais. Apesar de suas expectativas, estudos empíricos mais rigorosos não demonstraram nenhum aumento particular na freqüência dos conflitos intercivilizacionais no período pós-Guerra Fria.[4] Na verdade, as guerras e conflitos regionais aumentaram em freqüência logo após o término da Guerra Fria, mas declinaram lenta e firmemente desde então. Entretanto, que proporção de conflitos existentes pode ser atribuída a "conflitos intercivilizacionais" e se tais conflitos aumentam em proporção ao conjunto de conflitos são questões em aberto.
quarta-feira, 2 de junho de 2010
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